Cutileiro "revolucionou arte escultórica"

O reitor da Universidade de Évora, Carlos Braumann, considerou hoje "um justo reconhecimento" o doutoramento Honoris Causa atribuído ao escultor João Cutileiro, que "revolucionou a arte escultórica" e é "uma referência de todos os tempos".
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"É um justo reconhecimento pelo papel extremamente relevante que o mestre João Cutileiro desempenhou na escultura portuguesa e internacional", levando "o nome de Portugal ao mundo", argumentou.

Segundo Carlos Braumann, Cutileiro "é uma referência da escultura portuguesa de todos os tempos", sendo um artista que "revolucionou a arte escultórica" e "criou novas gerações de artistas".

O reitor falava aos jornalistas à margem da cerimónia realizada hoje à tarde na Universidade de Évora (UÉ), em que foi atribuído ao escultor o doutoramento Honoris Causa pela academia.

A UÉ, disse, tem "muito gosto e honra" em ter Cutileiro como doutor, constituindo a outorga da distinção, aprovada por unanimidade pelo Conselho Científico, um fator de ligação à comunidade.

"Também sinaliza a nossa ligação à comunidade", com o objetivo de "trazer à universidade aqueles que se destacam" nas suas respetivas áreas, afiançou.

Por seu turno, o diretor da Escola de Artes da UÉ, Christopher Bochmann, que proferiu a oração laudatória na sessão de imposição das insígnias doutorais, disse que o mestre Cutileiro é uma figura "incontornável" e "um grande escultor".

Trata-se de "uma pessoa que não tem medo" e que possui a "irreverência típica dos grandes artistas", a qual "cada um demonstra à sua maneira".

"Mas, por vezes, a irreverência fica por aí. No caso do João Cutileiro é indiscutível que, por trás desta camada de irreverência, existe de facto verdadeiro conteúdo. A arte dele é para ficar", elogiou Bochmann.

João Cutileiro nasceu em Lisboa, a 26 de junho de 1937, mas vive e trabalha em Évora, onde está exposta uma parte da sua obra, desde 1985.

Iniciou-se nas artes em ateliês de diversos mestres e, depois de uma breve passagem pela Escola de Belas Artes de Lisboa, rumou, por indicação de Paula Rego, à Slade School of Art, em Londres (Inglaterra), onde se diplomou.

No início dos anos 60, Cutileiro regressou a Portugal, subvertendo os cânones da estatuária do Estado Novo, intervindo no espaço público com projetos de arte urbana marcada pelo experimentalismo.

O intimismo, o erotismo e o amor são os principais temas da sua obra escultórica, reconhecida em Portugal e no estrangeiro.

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